Como a Transição Capilar Me Trouxe Paz, Liberdade e Amor-Próprio
- BADDU
- 18 de abr. de 2021
- 3 min de leitura

Olá! Eu sou a Priscila Simei, tenho 38 anos e estou muito feliz em fazer parte do time BADDU. Vou compartilhar com vocês, um pouco da minha história, vivência e experiências com temas que envolvem transição capilar, autoaceitação, crespos e cachos, aromaterapia e beleza limpa. E para esse primeiro post, vou contar um pouco da minha história.
Dezembro é um mês muito especial pra mim, foi o mês que eu renasci, após abandonar as químicas nos cabelos, que me acompanharam por 27 longos anos. Nos últimos 4 anos, tenho passado por um processo muito intenso de autoconhecimento, que envolve questões profundas, como racismo, autoaceitação e liberdade.
Tive os cabelos alisados aos 7 anos, para que pudesse me “encaixar” dentro dos padrões estéticos brancos. Sou filha adotiva, de uma família branca e cresci rodeada de pessoas brancas com cabelos lisos. E na época não havia opções no mercado para os cuidados dos cabelos crespos e afros.
Não havia alternativa, já que eram considerados “ruins e feios” e fora dos padrões. Mesmo com cabelos alisados, sofri diversos tipos de preconceitos na escola, na rua, em todos os lugares, na infância e adolescência, já que cresci em um meio onde não havia pessoas negras.
Mesmo assim, tenho consciência de que recebi muito amor dos meus pais e da minha família. Sei que eles fizeram e fazem de tudo por mim. Apesar de minha mãe ter alisado meu cabelo, ela me levava nos melhores profissionais, fazia o que podia para que eles ficassem bonitos. Como ela é branca de cabelo liso, ela também não sabia como cuidar.
Aos 20 e poucos anos comecei a fazer escova definitiva e progressiva com formol (pasmem, fazia ambas no mesmo dia). Foram mais de 10 anos seguidos alisando desta forma, até ele atingir um padrão que eu considerava aceitável. Confesso que fui muito feliz nessa época, comecei a me sentir aceita, recebia elogios, me sentia bonita e recuperei a autoestima.
E foi aos 34 anos, após anos de terapia e autoconhecimento que tive um choque de realidade. Me olhava no espelho e não me identificava mais com aqueles cabelos lisos, que não me pertenciam. A quem eu estava tentando agradar? Para que passar tantas horas sofrendo com as químicas e agredindo o meu corpo? Estava indo contra a minha natureza e isso começou a me incomodar.
Foi com muita coragem e apoio do meu marido, meus pais, amigos e terapeutas que iniciei minha transição capilar. Por incrível que pareça, foi de forma leve e feliz. Eu estava tão certa de que eu queria recuperar meus cabelos naturais que eu levei isso numa boa. Passei a gastar todo dinheiro que investia em alisamentos, em produtos de qualidade, adequados para cabelos crespos.
Passei a cuidar, hidratar a raiz, respeitando, agradecendo a forma natural do meu cabelo, que estava a tantos anos sendo negada. Usei e abusei de faixas, lenços, coques e acessórios para disfarçar as texturas diferentes. Passar pela transição não é fácil, mas pode ser mais leve sim!
Passei a seguir mulheres negras e crespas nas redes sociais, assistia canais no youtube sobre transição e ao cuidar dos meus cabelos, colocava sempre uma intenção, de amá-lo e aceitá-lo do jeito que ele é, que nenhum cabelo no mundo seria mais perfeito para mim do que o meu próprio.
De repente eu não me sentia mais um peixe fora d’água, passei a me sentir representada e fui acolhida por muitas mulheres que já haviam passado pelo mesmo que eu, ou que estavam em transição. E assim, após 9 meses fiz o big chop, com um profissional maravilhoso e especialista em cachos.
Foi um dos dias mais felizes de toda a minha vida. Digo que foi o meu renascimento! O cabelo ficou bem curto, achei o máximo, pela primeira vez me senti maravilhosa. A primeira coisa que fiz foi colocar um brincão, passar um batom vermelho e saí para brindar com minha amiga, que me acompanhou nesse dia.
O que mais me emociona é que a partir daí, fiz as pazes com o espelho, passei a me amar como sou e não seguindo um padrão “branco” imposto pela sociedade. Não é um processo fácil, mexe demais na nossa autoestima e com nossas feridas. Por isso, recomendo demais passar pela transição com um acompanhamento psicológico, principalmente se você ainda se sente desconfortável em passar por ela sozinha.
Algumas fotos de meu visual após a transição
Lembre-se, cada beleza é única. Se aceitar, faz parte de ter mais energia para usufruir de uma vida mais leve e significativa. Vamos começar? Espero que tenham gostado! Deixe aqui nos comentários, o que achou e o que te move a buscar se encontrar! Um beijo e até a próxima!
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