O Caminho de Ashtanga - Os 8 Ramos do Yoga

BADDU
18 de abr. de 2021
4 min de leitura

Nos nossos últimos artigos, entendemos mais sobre um pouco dos objetivos e como podemos aplicar o Yoga em nossas vidas, ou melhor, vivenciá-lo, em cada movimento e respiração que realizamos.

Uma filosofia milenar e completa, nos ajuda a encontrarmos a elevação da consciência, através de inúmeros aspectos de nossas vidas cotidianas.

O objetivo final, é algo, um tanto quanto ambicioso: o fim o sofrimento e a iluminação da mente, corpo e espírito, a fim de atingirmos o potencial máximo que existe dentro de nós.

Com metas simples, e complexas, ao mesmo tempo, o Yoga nos mostra qual caminho a ser seguido a fim de chegarmos ao objetivo final.

Esse processo, que pode durar anos, ou vidas inteiras, se desenrola a medida que conhecemos os 8 Membros do Yoga, ou Astānga Yoga. Vamos entender mais sobre eles?

1-) Yamas - nossa relação com o mundo externo - princípios, valores, ética

Não violência (Ahimsa)
Não mentir (Satya)
Não roubar (Asteya)
Não exagerar (Brahmacharya)
Não-apego ou não possessividade (Aparigraha)

2-) NYAMAS - nossa relação com o mundo interno - autocontrole

Pureza / Limpeza (Saucha)
Contentamento (Santosha)
Autodisciplina (Tapas)
Estudo de si mesmo (Swadyaya)
Autoentrega / Fé (Ishwara Pranidhana)

3-) ÁSANAS - posturas psicofísicas - harmonia entre corpo e natureza

O Yoga tornou-se popular no ocidente, principalmente por conta dos Ásanas, ou por conta de suas posturas físicas. Embora essa seja apenas uma pequena parte, de um vasto sistema, ela compõe um dos principais pilares que tem ajudado o homem a atingir níveis mais elevados de consciência e equilíbrio.

Os Ásanas, são basicamente, posturas físicas que oferecem conforto e equilíbrio mental, uma vez que estimulam glândulas, nervos, músculos e orgãos do corpo. Ao estimularmos glândulas hormonais, atingimos maior equilíbrio de nossas emoções, o que também facilita a concentração e, assim a meditação.

É importante ressaltar, que as posturas devem oferecer posições saudáveis e agradáveis, a fim de conquistarmos o equilíbrio mental e a vitalidade. Portanto, é recomentado que o praticante, esteja sempre atento e respeite seus limites, e veja o corpo não como um obstáculo, e sim como um instrumento de realização.

4-) PRANAYAMA - expansão da energia vital, através da respiração

Após dominar os Ásanas, então inicia-se a prática dos pranayamas, o quarto estágio no caminho do Yoga. Prana significa fôlego, respiração, vida, vitalidade, vento, energia, ou força. Ayama significa extensão, expansão, alongamento ou retenção.

Assim, o praticante aumenta sua energia vital, através das práticas de respiração que envolvem suas narinas, a passagem nasal com seus membranas, a traquéia, os pulmões e o diafragma. A respiração do dia-a-dia, passa a se tornar mais lenta e profunda, enquanto a mente ganha paz e equilíbrio.

5-) PRATYAHARA - introspecção dos sentidos

Quando há um controle rítmico da respiração, os sentidos deixam de correr atrás de objetos externos e voltam-se para dentro, e a pessoa se vê livre de suas próprias prisões e armadilhas. Esse é assim, o estágio, onde os sentidos são dominados.

Esse desprendimento ocorre quando a pessoa experimenta a plenitude, e sua sede pelos objetos dos sentidos desaparece. "Sua paz não é perturbada nem pelo calor, nem pelo frio, nem pela dor, nem pelo prazer, nem pela honra, nem pela desonra, nem pela virtude, nem pelo vício." Trecho do livro "Luz Sobre o Yoga" de B.K.S. Iyengar.

6-) DHARANA - estado de completa absorção e concentração

Para atingir o estado de concentração, é preciso que se conheça seu principal veículo, a mente. Por isso, temos aqui, a classificação dos 5 estágios mentais:

Ksipta: forças mentais estão dispersas, desorganizadas e negligenciadas. Aqui, a mente anseia por objetos.
Viksipta: mente agitada e distraída, em que consegue usufruir dos frutos de seus esforços, porém, ainda não há controle dos desejos.
Mudha: mente insensata, indolente, confusa e desorientada. É quando, ela não sabe o que quer.
Ekagra: mente extremamente atenta e concentrada em um único ponto, ou objeto. É preciso estar atento a esse estágio, pois a pessoa pode tornar-se, facilmente, egoísta. Ela não conhecerá a felicidade, enquanto o sentido do "eu" e do "meu" não desaparecerem.
Niruddha: estágio em que a mente, o intelecto e o ego são controlados, e todo o sentimento de "eu" e "meu" é dissolvido em prol do pensamento do bem coletivo.

Para atingir a concentração, é preciso que a mente esteja concentrada em um objeto único de criação de todas as partes, para que se reconheça o mesmo dentro de si. Para isso, o yogui se concentra em AUM, que significa tudo e transmite o conceito de onisciência, onipresença, e onipotência.

7-) DHYANA (Meditação)

Quando a mente alcança um estado ininterrupto de concentração, ela atinge Dhyana. Nesse estágio, a mente do yogui é iluminada e seu corpo, respiração, razão, sentidos, e ego são todos integrados em apenas um objeto de contemplação. O sentimento de Suprema Bem-Aventurança, torna-se seu estado constante de consciência.

Perceba que a maditação aqui, não resume-se à prática de alguns minutos por dia, mas sim, a cada instante da vida ser vivido em estado de meditação.

8-) SAMADHI (Iluminação / autorealização)

Samadhi representa o final da jornada de yogui, em que seu corpo e sentidos estão em repouso, enquanto sua mente e sua razão estão completamete conscientes e alertas. É alcançada então, a experiência da consciência, da verdade e de uma felicidade inimagináve. Diante de uma paz, que ultrapassa toda a compreensão, esse estado só pode ser expressado por um profundo silêncio.

Alguns sinais do progresso do Yoga, são a conquista da saúde, sensação de leveza física, clareza do semblante e beleza da voz, estabilidade, frescor do corpo e libertação do desejo, humildade, mente equilibrada, serena e tranquila.

Através da compreensão de nossos limites e de nosso tempo, a Astanga Yoga, descrita por meio de seus 8 Membros, não pressupõe que o praticante atinja a meta suprema ou qualquer um de seus estágios. A jornada de cada um deve ser compreendida de acordo com os níveis de consciência que permitem o avanço por cada estágio.